5.01.2015

Capítulo três- Secret


Eu choro muito. As minhas emoções estão sempre muito próximas da superfície.” 

Nicolas Cage

Cry

Minha cabeça latejava de dor...

- Como assim eu cai?

- Você cai, sabe... é aquele momento em que você não está em pé e acaba parando no chão...

Paro de prestar atenção no que a enfermeira dizia, começo á prestar atenção nela. Seu cabelo preto cacheado caia por seu ombro, sua pele bronzeada e escura contrastava com seus olhos verdes claros. Sua maquiagem não era muito forte, na verdade ela só usava um batom nude. Ela se vestia com uma blusa branca, uma calça vinho, e uma espécie de bota com salto branca. Olha para a cadeira atrás da mesa dela e vejo uma mochila com estampa tribal. 

- Você está me ouvindo? - ela balança a mão na minha frente.

- Desculpe, não.

- Não tem problema - ela sorri e ajeita o óculos - Acho melhor ligar para os seus pais.

-Não... não precisa

- Tem certeza?

- Claro! Vou ficar bem - me levanto da pequena cama onde eu estava.

 Caminho até a porta e ouço uma voz me chamar. Viro-me.

- Me chamo Jamayca. Qualquer coisa é só me chamar...

- Eu ouvi um estalo antes de apagar. O que houve?

- O vidro da sala de música quebrou... - Ela olha para mim e percebe a minha aflição - Mas não foi sua culpa! Um galho se desprendeu da arvore e bateu no vidro - ela ergue as mãos a as coloca em meus ombros

O sinal toca.

- Que horas são? - pergunto

- Não se preocupe, você só perdeu dois horários. - Jamayca sorri novamente - Se e não me engano você tem aula de Redação agora

- Obrigada - digo e me afasto pegando a minha mochila e verificando se estou com o material para a aula de redação

Viro-me novamente para ela e olhos diretamente em seus olhos. Eles pareciam verdes.

- Até mais tarde, e espero não te encontrar aqui de novo. - ela sorri - Tome cuidado

Corro pelos corredores do colégio e chego bem a tempo para a aula de redação. A professora explica a matéria rapidamente e pede uma redação sobre um tema livre, escolho a DOR

 Algumas vezes, infelizmente, passamos por isso. Sofremos porque alguém morreu, choramos por saudade e nos machucamos por tristeza, tudo isso leva a um sentimento avassalador, a dor.
 Todo ser humano já sentiu a dor, sofreu e chorou com ela. Eu passei por ela várias vezes no decorrer dos anos. Morte de entes queridos, ser deixada sem mãe, pai, o bullying, várias tentativas de suicídio, a bulimia.
 Sinto saudades de sorrir e me divertir, na verdade acho que nunca tive esses momentos, sempre fui a estranha da turma, a suicida, bruxa, magrela, louca. Tudo isso me magoou,  e ainda magoa, de vez em quando dá vontade de ir para casa, me trancar no meu quarto e chorar. Chorar por tudo, pela falta de amigos, pelos olhares maldosos, pelas piadas e insultos, por não ter alguém para contar o que sofro. Meu único companheiro é meu violão, mas, desde que cheguei aqui, não pego mais ele, o deixo no canto do meu quarto, como se fosse ele o culpado por tudo isso que aconteceu e que ainda acontece comigo, como se ele estivesse sendo castigado.
 Mas a culpa não é dele, são das pessoas que tem uma linha de pensamento bem fina e limitada, elas só consegue enxergar preto e branco, não conseguem ver o horizonte, sempre veem o que já está exposto, não querem conhecer, entender... De vez em quando eu também enxergo em preto e branco, mas procuro entender e conhecer, por mais que doa.
 Temo que um dia eu desista, jogue tudo para o alto, feche os meus olhos e me entregue a escuridão, ao nada, ao sono profundo. Com pouca dor no início mas com o final tranquilo.
 Espero que um dia tudo mude, que as pessoas aprendam a ver e a entender os outros, que parem e ver preto e branco, que enxerguem alem do horizonte.

Ao terminar a redação respiro fundo e olha para a professora, seus cabelos pretos lisos cortado no estilo ´´Cut Bob``. Sua pele morena brilhava por causa da lampada a cima de sua mesa, seu vestido azul escuro combinava com seu sapato de salto médio. Um colar prata com pequenas bolhinhas brilhantes enfeitava seu pescoço. A maquiagem era básica, um pouco de sombra marrom, pouca base para encobrir pequenas imperfeições e um pouco de gloss bege nos lábios. Ela devia ter 34 anos.

Levanto-me da carteira e me aproximo da mesa da professora. Pisco os olhos para afastar algumas lágrimas e entrego a minha redação a ela

- A senhorita fez isso bem rápido, não?

- Eu costumo escrever quando estou em casa - sorrio

- Espero que não tenha nenhum erro ortográfico

- E não terá - digo ficando ereta - Posso sair?

- Só não deixe Rohan te achar - ela volta a olhar para os papeis em sua mesa

- Quem é Rohan?

- O faxineiro mais antigo do colégio. Ele costuma observar os corredores e é um dedo duro que ainda segue a lei ´´ não deixe os alunos saírem da sala antes do sinal tocar``

 Bem, essa era uma lei antiga. Hoje muitos alunos cabulam as aulas.

- Pode deixar - digo aproximando-me da minha carteira e pegando minha mochila.

 Ao me aproximar da porta da sala e sinto um calor na minha nuca, eram os olhares que me fulminavam. Respiro fundo, olho para o chão e saio. Guio meu olhar para os dois lados do corredor, esquerdo e direito Não havia ninguém.

 Caminho pelo corredor, finalmente era a ultima aula da manhã. Depois eu iria almoçar e a tarde teria mais aula e antes das cinco da tarde eu teria aula de educação física. Bem, essa aula eu teria que cabular, realmente odeio me mexer muito, não conhecia o colégio e eu preciso conhece-lo, cada esconderijo e cada passagem para que eu possa me esconder durante as aulas de educação física.

 Ao virar a esquerda encontro uma porta de madeira no final do corredor. Arrumo minha franja e a coloco atrás da orelha. Passo os meus dedos pela parte de trás do meu cabelo e sinto um nó bem nas pontas e rapidamente desfaço-o.

 Olho para o chão e vejo que o cadarço do meu tênis esta desamarrado, eu o ajeito bem rápido. Caminho lentamente até a porta. O cheiro da madeira bruta me embriaga e penetra nos poros da minha pele e deixa-me tranquila.

 Abro a porta e me deparo com uma rua. Serio?Não podia ser uma passagem secreta.

 Sinto uma aroma conhecido, lavanda com um pouco de cravo. Era ele. Luke.

 Luke estava encostado na parede direita, penso em dar um passo para trás e voltar para a aula de redação, eu nunca me dei bem com garotos. Sempre ficava nervosa e nunca sabia o que falar. Na verdade nenhum garoto falou comigo...

- Oi - diz ele

Fico calada

- Desculpe por Amber, ela é meio tola.

Não emano som

- O que foi? O gato comeu sua língua?

- Não.- digo olhando para o chão

Luke se apoia com uma mão na parede e olha para mim
 

- Seu nome é Natalie, não é?

- Sim

- Você está bem? A pancada foi forte?

Não, gênio! Eu gosto de desmaiar!

- Só dói um pouco, é só tomar um remédio que passa

- Me desculpe - diz ele

- A culpa não foi sua. - digo entrando para o colégio

- Maravilha! - ele fala - Agora você tem uma péssima impressão sobre mim, não é? Você acha que eu sou aquele tipo de cara que pede desculpa pelas merdas dos outros

 É, ele estava certo.

- Não, volte aqui!

 Ouço o barulho da porta batendo abruptamente. Só queria sair daqui, só isso!

- Por favor! - sinto uma mão quente segurando o meu pulso

- Eu tenho que ir - digo enquanto ele me vira para si

- Por favor! - diz ele

Respiro fundo.

- Seja breve - digo olhando em seus olhos

- Você é diferente e não se sente oprimida quando Amber ou sua gangue falam sobre você...

-Na verdade eu fico um pouco triste - olha para o chão e depois para o meu pulso, ele estava ficando vermelho

- Eu sei, posso perceber isso

- Você poderia soltar o meu pulso, está doendo - digo, e estava doendo.

- Desculpe - ele solta o meu pulso rapidamente - Você é diferente

- É uma nova maneira de dizer estranha, você sabia?

- Não, não é isso que eu eu quero dizer. - Ele respira fundo - De vez em quando é bom ser diferente

Luke sorri encantadoramente.

- Eu tenho que ir - digo

- Não tem, não. Não tem aula pra você agora - diz ele olhando para o relógio -, só depois da uma hora da tarde.

Paro de olhar para ele e encaro os meus tênis. Não queria ficar com ele, queria ficar sozinha.

- Posso te mostra o colégio - diz Luke

Bem, isso seria bom. Iria conhecer o colégio e descobriria um lugar para me esconder durante as aulas de educação física.

- Obrigada - digo - Eu adoraria

- Não precisa ser tão formal assim - ele sorri - Vamos ver... Por onde começamos?

- Pelo refeitório, talvez?

- Ótima ideia, Natalie - diz ele caminhando, e eu o acompanho.

 Luke conta um pouco sobre os professores, sobre Jamayca e Rohan.

- Sabe, Natalie, Rohan é filho do ex-diretor do colégio.

- Serio?

- Uhum... - diz ele assentindo com a cabeça

- Quantos anos essa escola tem?

- Acho que quando for o Baile de Inverno a escola vai fazer 100 anos

- Isso é bem interessante

- Pois é - ele diz e balança a cabeça, jogando a franja para lado

- Sabe um coisa?

- O que?

- Você precisa de um apelido

- Obrigada, mas adoro o meu nome.

- Ah!, qual é? Vamos lá, um apelido é legal!

- E qual seria?

- Lie?

- Parece que eu sou uma garota mimada!- digo balançando a cabeça

- Naty?

- Pior ainda! - Sorrio

- Assim fica difícil! Eu estou sem ideia

-Nalie? - digo

- Esse é legal!

- Obrigada

- Bom, vamos continuar andando, Nalie

 Caminhamos pelos corredores e nos deparamos com dias grandes portas de madeira bruta de quase dois metros e meio.

- Bem, aqui é o refeitório! - diz ele - Daqui a pouco o sinal toca e...

 Meu celular vibra e começa a tocar Habits(Stay High).

- Desculpe - digo ao olhar a tela do celular

Era o meu pai. Cambaleio para trás

- Tenho que atender. Com licença.

 Ele sorri e passa os dedos pelos cabelos loiros.

- Toda!

 Desbloqueio o aparelho e atendo

- Pai!

- Oi, filha. Você estava em aula? Atrapalhei alguma coisa?

Fora a minha chance de encontra um esconderijo, o passeio pela escola e um dos garotos mais bonitos do colégio me mostrando o refeitório e mexendo nos cabelos cor de areia, você, pai, não atrapalhou nada!

- Não, pai.

- Que bom - ele suspira

- Algum problema? - mordo o lábio pensando na minha mãe.

- Acabei de falar com o médico e ele disse que sua mãe vai acordar do coma induzido dentro qe alguns dias.

- Você podia ter simplesmente mandado uma mensagem, sabia?

- Claro! - diz ele - Mas eu queria falar com você

Sorrio

- Estou saindo do hospital agora, depois vou buscar Clementine. Quer que eu passe ai para a gente almoçar?

Olho para Luke e ele sorri para mim e eu mordo o lábio. Me sinto corar.

- Não, obrigada. Já vão servir o almoço aqui.

- Tudo bem, querida. Bom almoço e boa tarde.

- Até mais tarde, pai

- Tchau - diz ele

- Beijos

Encerro a chamada e caminho de volta para Luke.

- Quem era?

- O meu pai - digo o encarando - Vamos entrar?

- Claro.

Luke abre a porta do refeitório, entramos. Percorro o lugar com o olhar. Era bem grande, com várias mesas e cadeiras espalhadas. No lado esquerdo tinha a bancada onde serviam as refeições e havia uma enorme parede repleta de janelas. Vejo Amber, e ela não esta muito feliz.

 Ela se levanta a caminha apressadamente até nós.

- O que você esta fazendo com ela?

- Estou mostrando o colégio.

- Você não pode andar com ela. Vai arruinar a sua reputação, e eu não posso ser irmã de um perdedor.

- Só estou sendo um cavalheiro.

- Mostrando a escola para essa bruxa a única coisa que você esta fazendo é arruinando a sua vida. Você viu o que ela fez hoje. Essa suicida explodiu uma janela!

- Na verdade foi um galho que se desprendeu de uma arvore e se chocou contra a janela. - corrigiu Luke

- Foi ela! - Amber dá um saltinho e aponta para mim

- Humm... Luke, está tudo bem. - digo tocando seu braço.

 Sinto cada músculo e meu sangue começa a ferver.

- Não, não esta bem! - Luke se vira para Amber - Pare com isso, Amber!

- Não vou parar por que estou falando a verdade. Ela é um bruxa que quer acabar com a gente e com o colégio.

- Obrigada, Luke, por me mostrar a escola - digo colocando as mãos nos bolsos da calça e me afastando deles.

- Você não tem direito de fazer isso. Trata-la dessa forma!

- Tenho todo direito sim! Ela tentou me matar com aquele vidro!

- Foi um maldito galho! - diz ele

Droga! Segundo dia de aula e eu já meti uma pessoa em confusão!

Caminho o suficiente pelo refeitório para não conseguir mais ouvir a conversa dos dois. Sento-me numa mesa com apenas dois lugares. Desbloqueio o celular, coloco os fones de ouvido e começo a ouvir as músicas da Lorde. Primeiro Tennis Court, depois Glore and Gore e por último Team.

 Minha cabeça dá voltas e mais voltas. Luke estava tentando ser legal comigo, Amber e o resto da escola me acusam de bruxaria, a enfermeira acha  que eu vou desmaiar a qualquer momento, minha mãe está em coma e, provavelmente, minha professora de redação acha que eu vou me suicidar.

 Mando uma mensagem para o meu pai:

- Já buscou a Clem?

- Sim. Estamos indo almoçar numa churrascaria que abriu. Quer que eu vá te buscar?- responde ele

- Não, estou bem, obrigada.

- Fale comigo, Nat! Por favor...

- Não é nada que eu não consiga resolver, pai - minto

- Mentira. A enfermeira do seu colégio me ligou e disse que você bateu a cabeça durante a aula de música e desmaiou.

- Como ela sabe o seu número?

- Colocamos os nossos telefones na sua ficha de matrícula, lembra?

Droga! Agora tudo o que eu fizer será avisado aos meus pais!

- Eu estou bem, pai. Juro. Só desmaie porque tropecei no meu cadarço e cai batendo a minha cabeça na quina da carteira de uma garoto. Estou bem!

- Doí?

- Um pouco. Mas tenho um remédio na minha mochila, se a dor piorar eu tomo e se não passar eu ligo para você e aviso que vou para casa, ok?

- Sim. Agora estou mais tranquilo...

- Isso é bom, pai

- Quando foi que a minha menininha cresceu?

- Quando eu completei 12 anos

- Quando isso aconteceu?

- Alguns anos atrás, pai.

- Que pena. Queria que você voltasse a ser aquela garotinha que morria de medo do escuro

Sorrio e balanço a cabeça

- Você tem Clementine, não é o suficiente?

- Não posso querer duas crianças na minha vida?

- Não. Por que você não sabe amar duas crianças ao mesmo tempo. Não dá, isso é impossível!

- Eu sei, mas não faz mal sonhar, não é?

- Nisso você está certo! Tenho que ir, pai.

- Por que?

- Começaram a servir o almoço, tenho que entrar na fila agora, senão eu não almoço!

- Até mais tarde, querida

-Beijos, pai.

 Desligo o celular e me levando da mesa. Caminho lentamente até a fila. Olho para a porta do refeitório. Vejo um garoto entrando. Seus cabelos pretos precisavam ser cortados, sua pele branca era tão clara quanto a minha, e seu olhos eram azuis e misteriosos.

 Um calafrio percorre a minha espinha.

- Oi, Noah - diz uma garota de cabelos ruivos, pele clara e olhos verdes.

Noah bufa e desvia da menina. Sorrio, mas não sei exatamente o porque. Ele se aproxima de mim, quero dizer, Noah caminha até a fila. Queria falar com ele, descobrir o porque que ele não falou com uma das garotas mais bonitas do colégio, isso podia melhorar a sua vida escolar.

- Não gosto dela. Laura é muito irritante! - diz ele

- Você está falando comigo?

- Claro, Violet

 Violet Harmon, minha personagem preferida de American Horror Story.

- Como você sabe...

- Sua blusa - diz ele apontando para a minha barriga - Também gosto de American Horror Story.

- Legal - digo - Você vê The Walking Dead?

- Claro, apesar de achar os zumbis e os efeitos especiais meio falsos

- Humm... Também acho isso...

- A fila andou

- O que?

- A fila - ele aponta para as pessoas que estavam algumas centímetros atras de mim

 Viro-me pego um prato e me sirvo com frango frito, arroz, vagem e molho barbecue. Volto a me sentar na cadeira.

- Posso me sentar aqui? O refeitório está cheio -  diz Noah

- Sim

 Como minha comida em silêncio, quero dizer, um terço da comida que coloquei no prato. Não estava com fome, na verdade eu nunca estou com fome, e quando eu como demais, vomito tudo depois.

- Você não vai comer?

- Não. Não estou com fome.

- Tem certeza? Você está sem comer a algumas horas...

- Não estou com fome

- Ok, AHS

- Não gosto muito quando abreviam os nomes das coisas.

- Não era pra você gostar - diz ele rispidamente

- American Horror Story é um nome tão bonito que não devia ser abreviado

- Então vou te chamar de American, pode ser?

- Prefiro quando me chamam pelo meu nome.

- Isso é meio sem graça! - diz ele dando uma garfada em seu prato

- Chamam você de que aqui no colégio?

- Lobisomem

- Serio? - rio

-Sim. Ou me chamam de vampiro

- Isso é meio bobo

- Chamar você pelo seu nome também é bobo, Natalie

Rimos

- Posso te chamar de presas ou de Wolf?

- Muito engraçadinha! - diz ele apontando o garfo para mim

- Do que eu posso te chamar?

- Socializando com o inimigo, Noah! Que feio! Isso não é nada bom - diz uma voz conhecida

 Amber

- Vai ver se eu estou na esquina, Amber!

- Já fui lá, e não vi você!- sorri ela

- Sempre tem uma resposta na ponta da língua, não é sua víbora?

- Ai! - Amber coloca a mão em cima do peito - Essa doeu

- Vai se catar!

- Não dá. Não tenho roupa para isso, infelizmente. Meu closet é repleto de roupas para ir ao cinema, a academia...

- Feche a sua maldita boca!

- Não consigo - ela faz carinha de cão sem dono

- Tenho que ir - digo me levantando

- Você, fica! - fala Amber

- Ela não é um cachorro! - diz Noah - Você pode ir se quiser, AHS

 Saio do refeitório de cabeça baixa.

- Ei, Nalie!

- Me da um tempo, Luke! Estou cansada!

- Por favor!

Apresso o passo. Queria ficar sozinha, precisava ficar sozinha

- Nalie, espere! Quero falar com você!

- Não!

 Ouço a chuva cair.

- Por favor!

Me viro para ele. As janelas se abrem num estrondo e o vento bagunça o meu cabelo.

- Minha irmã é uma tonta, que não pensa direito, me desculpe!

- A culpa não é sua - digo

Estava cansada de tudo aquilo. O preconceito, os insultos, as situações constrangedoras, os olhares e as expressões de nojo, tudo aquilo me irritava! Chega! Tudo o que eu queria era sair desse colégio e me isolar de tudo e de todos! Basta Não aguento mais!

- Não chore! - diz ele se aproximando de mim

- Não fique perto de mim, por favor!

- Não faça isso!

- Só que ficar sozinha...

- Ficar sozinha nunca é uma boa escolha...

- Pra mim é!

- Desculpe!

 Corro pelas escadas e deixo as lágrimas correrem pelo meu rosto. Lágrimas de dor, raiva, tristeza, confusão, ódio, tudo!

- Duh duh duh ruh, duh duh duh ruh .... - cantarolo loucamente quando chego ao terraço.

 Encolhida no chão, deixo que tudo caia no chão, junto com a água da chuva. Balanço para frente e para trás e cantarolo como se fosse um mantra para que tudo mudasse.

 Espero que tudo mude!



Padouts!
Capitulo Três pra vocês!
Kisses and hugs by:

Nenhum comentário:

Postar um comentário