Era uma noite de muita chuva, e eu conseguia ouvir os passos pesados de
meu pai andando de um lado para o outro naquela madrugada escura e gelada. Ele,
provavelmente estaria procurando algo para comer, assim como todas as
madrugadas. Não sei se fazia muito tempo que ele acordará de algum pesadelo,
mas sei que se saísse de meu quarto, ele não iria gostar nem um pouco do ato.
Ajeitei-me na cama e tentei dormir, mas tudo que conseguia ouvir era o barulho
da chuva que, para mim, era incomodante. Depois de muito tentar, acabei conseguindo
dormir um breve sono.
Na manhã seguinte, fui acordada pelo sol totalmente claro e ardente sob
meus olhos. E então eu lembrei de que não fechará a cortina como de costume.
Xinguei-me mentalmente por isso e tomei coragem para levantar-me e tomar um
curto banho. Pra ser bastante sincera comigo mesma, eu não gosto nem um pouco
de acordar e ir logo tomar um banho. Embora essa seja a minha rotina de toda
Segunda-Feira à Sexta-Feira.
Era mais um dia daqueles chatos de aula, e felizmente, este era meu
último ano na escola. Para a minha felicidade eu iria me livrar de pessoas
chatas e insensíveis e finalmente morar com a minha vó em Londres. Fazia tempo
que eu não a visitava e nem mesmo sentia o friozinho da boa e velha Londres.
Palavras clichês, que para mim são como minha rotina. Passar a manhã na escola,
a tarde lendo livros com uma xícara de café ou escrevendo meu futuro livro
fazia parte do meu chato dia-a-dia. Eu realmente digo ser chato. Mas
infelizmente, são as únicas coisas que posso fazer, já que não gosto muito de
fazer amigos ou sair para me divertir.
A minha diversão é ficar em casa. Assim como as pessoas de hoje em dia,
eu tenho contas em redes sociais. Mas meu número de amigos é quase zero e é
apenas minha família. Pai, mãe, primo, prima, tio, tia, avô e avó. É, meus avós
são ligados nessas coisas de internet, pelo simples motivo de ambos serem
fanáticos por tecnologia. E eu agradeço a Deus por isso. Posso ser uma pessoa
anti-social e muda, mas não gosto de que me chamem de careta e de idosa por não
me enturmar muito. Acabara de terminar a aula, e eu agradecia por isso. Mal
podia esperar para poder chegar em casa e deitar-me em minha cama.
- Kylie, não é? – Um garoto perguntou. – Sabe eu queria saber se você
queria fazer o trabalho de dupla comigo. Infelizmente ninguém quis fazer comigo
e percebi que você não tem uma dupla. Então, aceita? – Nada disse – Ah, que indelicadeza a minha.
Sou Pedro.
- Desculpe, não quero ser última opção de ninguém. Afinal, eu estava
pensando em fazer o trabalho sozinha.
- Ah, eu entendo. Bem, acho que também vou fazer sozinho. Te vejo
amanhã? – Dei um suspiro.
- Não sei se irá se lembrar de mim amanhã. Não sei nem se estarei aqui
amanhã. Eu vou embora. Bem, foi bom te conhecer. Mas eu tenho de ir.
Sem deixa-lo dizer uma palavra. Saí da sala e encontrei minha mãe parada
no estacionamento me esperando. Diferente das outras garotas, eu tinha uma
relação boa com a minha mãe. Apesar de brigarmos ás vezes por coisas estúpidas
como por exemplo: Minha mínima vontade de lavar a louça depois do almoço. Essa
é uma das coisas no qual ela detesta em mim.
Sentei no banco da frente e minha mãe deu partida no carro, começando a
dirigir e me perguntando como foi minha aula. Respondi que havia sido normal,
como qualquer outro dia. Comentei que estava ansiosa para morar com minha avó,
e minha mãe apenas disse que eu teria de ter paciência. Pois daqui há três
semanas eu estaria indo para Londres. Ambas percebemos que essas três semanas
seriam bem lonas...
3
semanas depois...
Como o prometido, eu estaria embarcando daqui mais ou menos cinco
minutos. Era o tempo exato em que eu conferia se tudo estava em seu devido
local. Dei um abraço em minha mãe, e um beijo na bochecha de meu pai. Eu, era
sua filhas única, e eu sabia que para os dois estava sendo difícil ver sua
filha ir para um lugar estranho, cheio de pessoas estranhas e costumes
estranhos sozinha. Mas é a vida. Quando o passarinho cresce, ele quer voar.
- Tem certeza de que ficará bem? – Perguntou minha mãe.
- Mãe, eu estarei bem. Sabe que
pode confiar na vovó, e que ela não deixaria que nada de ruim acontecesse
comigo.
- Eu sei. Mas é que você vai sair
do Brasil e isso me faz pensar que você nunca mais vai voltar para poder ver a
sua família. – Meu pai concordou com a cabeça.
- Mãe, eu sempre vou voltar. Mesmo
que eu consiga algo melhor lá, eu sempre vou voltar para o Brasil e passar um
tempo com a minha família. Não abandonarei vocês por nada nessa vida.
- Nós sabemos. Mas quero que você
saiba que nós sempre vamos estar de olho em você. Não importa se você estiver
no espaço. – Ri do comentário bobo de meu pai.
- Última chamada para o voo 345 com destino à Londres! – A balconista
falou.
- Eu tenho que ir. Mas eu juro
por Deus que eu irie voltar assim que puder. Isso é uma promessa.
- E uma promessa sua, sempre é
cumprida. – Continuou meu pai.
- Eu amo muito vocês dois! – Os abracei.
– Eu nem estou acreditando que eu irei ir morar no outro lado do mundo sem a presença
de vocês dois.
- Você irá se acostumar. Agora
vá! Não quero ver você perdendo este voo. – Disse mamãe.
- Vai com Deus e promete sempre
voltar quando alguma coisa por aqui acontecer. Quem sabe algo acontecer com
você também.
- Eu prometo. – Disse antes de
passar pelo portão de embarque e dar um Adeus!
aos meus pais.
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